Dalcroze – Momento II
Esta sequência de pequenos artigos a qual denominei “Momentos”, resume-se em simples reflexões e um apanhado despretensioso de algo muito maior: A Pedagogia Dalcroze. As idéias de Emile Jaques Dalcroze, surgiram da experimentação, da vivência de seus alunos, e de leis da física. Portanto não tenho nenhuma pretensão de algo maior, a não ser transcrever o que li e vivenciei nos congressos e aulas desta Pedagogia, com a qual identifiquei e me realizei em uma maneira única de ensinar e aprender musica.
“Teoria musical é muito freqüentemente o estudo de sinais musicais ao invés de ser a experiência e a análise na própria música.” Jaques-Dalcroze, Emile, Art and Education, pa. 121 Chatto & Windus, London, 1030.
Vejamos algumas das observações de Dalcroze:
Certos alunos progridem de maneira normal do ponto de vista auditivo, porém lhes falta a sensação de duração, a capacidade de medir os sons e de ritmar sucessões de duração desigual. Através de movimentos involuntários de certas partes do corpo, como movimentos da cabeça, o golpear com os pés no solo, podia-se se deduzir que “uma relação devia existir entre a acústica e os centros nervosos superiores.”
Todas as crianças não reagiam da mesma maneira. Muitas delas chegavam a coordenar seus movimentos, mas muitos deles não respondiam às ordens do cérebro. “A inteligência percebia o som no tempo, porém o aparelho vocal não podia realizá-lo“.
Estas conclusões são as que “fizeram Jaques Dalcroze sentir a necessidade de criar um sistema educativo capaz de:
1. regular as reações nervosas da criança, desenvolvendo seus reflexos, estabelecer nelas automatismos temporais,
2. lutar contra suas inibições,
3. refinar sua sensibilidade,
4. reforçar seus dinamismos e apressá-los também, criando a unidade na diversidade das sensações,
5. esclarecer as particularidades das harmonias nas correntes nervosas e nos registros nervosos cerebrais.
6. Conhecer, ainda, os meios naturais de encadear com elasticidade os ritmos e períodos sonoros.
Desta forma ele colocava objetivos mentais e emocionais, assim como objetivos físicos, corporais. Para Dalcroze, movimento corporal é a experiência predominante.
Já a audição é a chave para esta experiência desde que a sensibilidade do indivíduo determine a sensibilidade da resposta física. É a essência da música que nós precisamos responder, quando nós usamos tempo, espaço e energia em proporções corretas, o movimento será correto.
Robert Abramson em suas aulas colocava esta fórmula na lousa, a qual ele acrescentava. “É física pura em sua essência”.
Dentro dos objetivos musicais, Dalcroze colocava:
A Improvisação: Um dos principais objetivos de toda instrução dentro do método Dalcroze é criar um forte desejo pela expressão pessoal. É através da improvisação que este aspecto do método é mais bem revelado. É particularmente evidente porque o aluno tem a oportunidade de dividir algo pessoal, da sua própria criação.
A construção de melodias e a harmonia no teclado formam importante parte do treinamento de todos os níveis de aprendizado. A inspiração vem de modelos da leitura musical de todos os períodos e estilos, músicas folclóricas e danças de todas as nações.
O Solfejo: na Rítmica de Dalcroze, o solfejo é diferente à toda forma de solfejo existente. Ele é corporal. Exato, é através do corpo e da voz, do elemento surpresa da improvisação, que acontece o solfejo em Dalcroze.
“Existem dois agentes físicos através dos quais nós apreciamos e entendemos, vivemos e experimentamos música; o ouvido em relação ao som, e todo o sistema nervoso em relação ao ritmo.” Jaques-Dalcroze, Emile, Art and Education, pa. 51 Chatto & Windus, London, 1030.
Por Clises Marie Carvajal Mulatti – Certificate in Piano Pedagogy with Suzuki Emphasis, Holly Names College, CA, USA. Cursos da Pedagogia Dalcroze, The Julliard School, New York-USA com Bob Abramson; Institut Jaques Dalcroze, Geneve-CH; Longy School of Music, Massachusetts, USA com Lisa Parker; Dalcroze Workshops at Carnegie Mellon University, Pittsburg, Pennsylvania-USA, com Marta Sanchez. Cursos com Iramar Rodrigues, professor do Instituto Jaques Dalcroze, Genebra, realizados em São Paulo, Brasil.
Professora de Piano, Piano Suzuki e Curso de Jogos e brincadeiras musicais Tom sobre Tom – Escola de Música.