Escola Tom Sobre Tom

Escola de música em Pinheiros e Vila Madalena

A prática musical – Parte I

Hoje o assunto será o estudo musical, e na sequência a prática em si, pois que existem algumas questões que implicam no aprendizado musical como um todo. Que tal listar alguns destes desafios?

O primeiro deles é gostar de tocar. Gostar de estar em contato com a música.
O segundo é gostar da sua aula de instrumento.
O terceiro, gostar do professor.
O quarto e mais polêmico, é gostar de praticar.

E neste momento, vemos que tudo tem a ver com a motivação.
Tem também a ver com idade e maturidade.

Estas questões encontram-se relacionadas às experiências individuais de cada um, incluindo aqui a minha própria experiência musical, a observação de inúmeros alunos ao longo dos anos, as opiniões de professores de diferentes países, a visão metodológica de Suzuki, encontrando-se alguma coisa na literatura.

A prática musical escola de musica em pinheiros

Uma questão bastante atual é do tempo na modernidade. Do tempo real que existe para que a criança, o jovem ou adulto, se dedique para uma prática do instrumento, assim como as distrações do mundo moderno, que não são poucas. Esta questão tem a ver com disciplina, com organização, e todos eles se ligam à vontade.

Existe muitas vezes uma falta de vontade, em consequência aos apelos do mundo atual. E aqui me pego voltando a falar sobre o desejo de conquista. Aquele que move o indivíduo. Me ocorre dar o exemplo do verdadeiro atleta, que quer conquistar uma medalha, o seu lugar no pódio entre os melhores. Quantos sacrifícios que este atleta faz para que isto aconteça?

O mesmo se dá com a prática musical. Existem vários níveis de motivação. Vamos analisar algumas situações corriqueiras, através de afirmações dos próprios alunos, como veremos a seguir.

A prática musical escola de musica em pinheiros 2

Muitas vezes a criança treina por ter recompensa ou consequências diversas por treinar. Por exemplo, “após treinar o meu instrumento, posso ir brincar com os meus amigos.” O que para alguns pais pode significar uma chantagem, para outros pode significar uma questão de importância, de criar hábitos.

Ou então: “ao praticar, recebo atenção da minha família.” Com certeza, todos gostam de ser notados por aqueles que amam. Atitudes positivas devem ser valorizadas. E com certeza, reforços positivos são bem-vindos a qualquer tempo.

Você pode encontrar também aquele que sente-se bem ao realizar algo com maestria, porque isto lhe dá autoconfiança e o faz se sentir bem: “Fico feliz em tocar para mim e para os outros”.

Estes foram diferentes tipos de motivação e eu poderia citar muitos outros. O fato é que existir o prazer da conquista, por este ou aquele motivo, irá fazer com que a pessoa procure atingi-lo e passe a sentir também o prazer do processo. Não podemos esquecer o quanto o processo pode ser enriquecedor. Afinal, plantar uma semente, cuidar e vê-la crescer, trás a satisfação do processo e do resultado da floração. Assim é com cada fase do processo musical, e a criança sabe quando está conquistando a beleza da sonoridade, o desvendar das dificuldades técnicas, a superação das dificuldades motoras, o aprimoramento da leitura musical. E cada vez mais se sente envolvido pelo processo de fazer música, praticar, tocar, mostrar aos outros as suas conquistas.

A prática musical escola de musica em pinheiros 3

Assim sendo, a maturidade da criança e do jovem, deve ser levada em conta no processo de aprendizagem e nas expectativas dos pais e professores em relação ao aprendizado. Desta forma, na maioria das vezes, com algumas exceções, as conquistas musicais têm a ver com as faixas etárias. Com crescimento e maturidade. Tenho observado que dos 7 aos 14 anos, em geral a criança não apresenta muito esta maturidade em relação à prática musical. Dos 14 em diante primeiramente chega uma maior consciência das conquistas que se faz através da prática. E só à partir daí que o estudante de música chega à sua realização. As exceções na maioria das vezes são crianças, muitas vezes menores que os 7 anos de idade, que têm inúmeras conquistas no estudo musical – com excelência – com o seu envolvimento e de seus pais, através do Método Suzuki. Mas aí terei uma nova dissertação à respeito.

O fato é que quanto menor for a criança, quanto mais cedo se inicia o estudo e encontra-se frequência na prática do instrumento, disciplina, comprometimento, e quanto mais e mais cedo a família se envolve no processo – motivando-a, proporcionará ganhos reais para a criança, que desde muito cedo começa a perceber as suas conquistas.


Por Clises Marie Carvajal Mulatti: tradutora do livro Jogos Rítmicos para Cognição e Percepção, de Robert Abramson. Professora de Piano, Piano Suzuki, Curso de Jogos e brincadeiras musicais e Diretora da Tom sobre Tom – Escola de Música, que completa neste ano de 2023, 27 anos de atividades em Pinheiros, São Paulo, Brasil.