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Escola de música em Pinheiros e Vila Madalena

A tão falada filosofia do Método Suzuki – Parte 4

A tão falada filosofia do Método Suzuki – Parte 4

Ao falar sobre a cooperação existente no Método Suzuki, entre os pais, professor e o aluno, uma ideia parece-nos singular: “…que pelo menos um dos pais tenha aulas antes mesmo do que a criança.”

A importância deste quesito, está relacionada à como as crianças aprendem a língua materna! Vamos recordar aqui que este é um dos grandes diferenciais desta metodologia. As crianças observam, absorvem, e “ouvem” a língua materna através de seus primeiros professores, ali no ambiente do seu lar, acolhedor, emocionalmente enebriante, sobretudo motivador!

Desta forma, exatamente como no processo do aprendizado da linguagem, a criança pequena, neste estágio aprende a maioria das coisas de sua família. E se a mãe for treinada a tocar as primeiras peças, quer seja no violino, no piano, ou em outro instrumento, a criança terá o mesmo tipo de ambiente musical, a que foi submetida naturalmente no período do aprendizado da linguagem.

A participação ativa dos pais em aula. O professor certifica-se que os pais entenderam o trabalho que deverá ser realizado durante a semana.

Pequenos detalhes, mas de grande importância, mais uma vez farão toda a diferença. A criança observa a mãe aprendendo o mesmo instrumento que ela, galgando degráus e superando os desafios. Sobretudo tendo prazer em tocar. É um exemplo e tanto, concorda? Por outro lado, a criança terá a oportunidade de ouvir e tocar com outras crianças, que é uma forma de exposição, de orientação.

A criança ouve a mãe tocando as primeiras lições, assim como o repertório dos livros, gravado em CDs, e novamente estará sendo exposta ao conhecimento, aos sons, ao rítmo, ao fraseado, à dinâmica, à sonoridade no instrumento, à música que irá aprender.

A participação ativa dos pais em aula.

Quanto mais a criança ouvir estas gravações, mesmo que não de maneira formal, quase que de forma “acidental“, com os pais colocando o CD uma vez após a outra, constantemente, enquanto a criança brinca, almoça ou janta, desenha, toma banho, na hora que vai dormir, etc. O cérebro, que funciona como uma esponja, grava estas melodias, estas peças musicais, inconscientemente.

Aqui conto a vocês uma curiosidade: nos meus primeiros anos de aprendizado desta metodologia, entre os diferentes vídeos que assisti, havia um mostrando que as famílias japonesas prendiam na época um pequeno tape-cassete nas costas das crianças pequenas, para que estas ouvissem o repertório enquanto brincavam no parquinho. Sem estressar, ouvindo de maneira acidental.

Os pais realizam os mesmos exercícios, ora sozinhos, ora com os seus filhos.

Nesta fase, especialmente nos primeiros anos –mas durante ainda um bom tempo- acima de tudo, o professor deverá ser bastante criativo, criando jogos e brincadeiras, sendo capaz de prender a atenção de seus pequenos alunos, quer seja em aulas de grupo, ou no tratamento individual. Sobretudo deverá ter muito claro em sua mente quais os objetivos que quer desenvolver, e as melhores estratégias para aplicar com crianças de todas as idades. E até mesmo com adultos!

Sim, embora esta metodologia tenha sido criada pelo Dr. Suzuki para atender crianças à partir dos 3 anos de idade, tenho que dizer-lhes que obtive ao longo dos anos, excelentes resultados com adolescentes e adultos. Ou seja, não importa a idade, é possível ter sucesso com alunos de todas as idades, desde que se conheça à fundo a forma de aplicação do repertório, sem deixar a filosofia de lado. Isto porque, com adultos, embora não haja o apoio e a motivação natural do trabalho com os pais, existe todo um entorno filosófico e técnico, que somente um professor com a formação, treino e capacitação no método, poderá conduzir o aluno à obter o sucesso a que o método propõe.


Por Clises Marie Carvajal Mulatti – Certificate in Piano Pedagogy with Suzuki Emphasis, Holly Names College, CA, USA. Participação em Festivais de Música em Lima, Peru e Santiago do Chile. Observação de classes na School of Strings, New York, USA, à convite da Prof. Maria da Graça Pereira. Cursos da Pedagogia Dalcroze, The Julliard School, New York-USA com Bob Abramson; Institut Jaques Dalcroze, Geneve-CH; Longy School of Music, Massachusetts, USA com Lisa Parker; Dalcroze Workshops at Carnegie Mellon University, Pittsburg, Pennsylvania-USA, com Marta Sanchez. Cursos com Iramar Rodrigues, professor do Instituto Jaques Dalcroze, Genebra, realizados em São Paulo, Brasil.

Professora de Piano, Piano Suzuki e Curso de Jogos e brincadeiras musicais Tom sobre Tom – Escola de Música.