Hoje vou continuar a citar os benefícios gerados através do estudo musical.

Mas afinal, porque estudar um instrumento musical? Sou suspeita, mas posso arriscar as minhas razões e alguns motivos que levam os músicos a dedicarem-se ao estudo musical de corpo e alma.

Digo que só uma grande paixão leva a pessoa a estudar horas por dia para ter o prazer de tocar ( às vezes duas, quatro, oito horas, ou mais…). Mas não é só o resultado final que importa, é todo o processo que envolve desde o desejo, o fato de se ter não só um, mas vários objetivos ao longo do caminho e alcança-los. E enquanto para alguns isto representa um trabalho exaustivo, para outros é puro prazer de conquistar. Exige disciplina, paciência, persistência, foco, vontade.

Bom, esta descrição acima, que para muitos parece loucura…. é o que o músico profissional provavelmente fez para chegar a ter algum reconhecimento. E acho que isto não é novidade.

Mas e para quem não quer ser músico profissional? Ainda assim, o estudo musical faz a pessoa encontrar os objetivos, superar dificuldades, e aí sim desenvolvem-se os quesitos de disciplina, paciência, atenção, saber esperar, saber focar, persistir. E na verdade, estes elementos passam a ser conquistas que a criança ou o adulto levam para todas as suas áreas de atuação.

Dito isto, gostaria de ver com vocês, algumas outras idéias bastante difundidas nas últimas décadas, de descobertas desta área. Especialmente investigados pelas neurociências.

Melhora o raciocínio matemático e espaço temporal. A música é matemática: na relação das notas, nos intervalos, nos harmônicos, nas escalas e nas relações entre elas, nas divisões e subdivisões rítmicas. Nos padrões rítmicos e melódicos e suas relações. Nos fraseados, nas formas das construções musicais. E isto é só uma pincelada… porque existe muito mais nas construções musicais.

Desta forma, uma criança que é treinada a ouvir e reproduzir as maravilhas da música, naturalmente ganhará em raciocínio lógico, matemático. Isto sem falar nas habilidades abstratas, nas relações espaço-corporais. E tudo isto é potencializado na medida que se usa o corpo, a música, e o movimento, à maneira que usamos na metodologia Dalcroziana, ou Pedagogia de Jaques Dalcroze.

Têm-se dito que estas habilidades são essenciais para entender física e biologia, resolver problemas de ciências em geral, em arquitetura, engenharia, outras formas de arte, línguas, com computadores, medicina, jogos, etc… O que nos leva a deduzir que a criança ou o jovem músico pode muito bem ter sucesso em qualquer campo que venham a escolher em seu futuro.

Ainda chama a nossa atenção, mas não nos espanta a ideia de que algumas escolas aqui em nosso país e outras no exterior, constataram que as melhores notas vem de alunos que estudam música, e que estes se destacam nas diferentes áreas e matérias.

Um estudo realizado na Alemanha em 2013, declarou o poder da música de maneira clara, afirmando que os benefícios encontrados através do estudo musical das habilidades cognitivas e não cognitivas, superam duas vezes mais o que é obtido através dos esportes, da dança ou do teatro. E isto foi só o começo porque a lista de benefícios neurológicos, psicológicos, sociais, que as aulas de música podem oferecer não para de crescer.

Cabe-nos encerrar este trecho com uma reflexão: é um “gol” pensarmos que todas as crianças deveriam ser expostas à uma educação musical de qualidade. Mas já que não nos é possível oferecer a todos, comecemos a oferecer o que há de melhor e o nosso melhor em educação musical para estes que nos apresentam.