Quais os ganhos – além da magia e beleza da música – no processo do aprendizado musical? – Parte 1

Tenho pensado em relembrar aqui o que ouvi por diversas vezes em minha formação como professora de música e em algumas leituras que fiz ao longo dos anos, sobre como o estudo da música beneficia e enobrece àquele que estuda um instrumento.

Vou iniciar perguntando: o que acontece ao educarmos nossos filhos com bom senso, proporcionando-lhes o que achamos ser o melhor? Afinal, este é o sonho da maioria das famílias: proporcionar o que existe de melhor aos seus filhos!

Vejamos algumas premissas sobre os benefícios de tocar um instrumento desde cedo, enquanto crianças, que são divulgadas aos quatro ventos:

1 – Melhora as habilidades linguísticas e de leitura – Estudos mostram que crianças designadas aleatoriamente para o treinamento musical, junto com o treinamento para leitura tiveram um desempenho muito melhor do que aquelas que receberam outras formas de estimulação não musical, como pintura ou outras artes visuais. Isto porque vários destes estudos encontraram fortes ligações entre o processamento do som ouvido, como o ato de afinar um violino, por exemplo, e as habilidades de processamento da linguagem. Pesquisadores alegam que existem habilidades presentes na aquisição da linguagem e também do estudo musical como: a percepção do ritmo, a memória auditiva, a capacidade de reconhecer padrões, percepção sonora, como da fala no ruído.

2 – Transforma a pessoa em um ouvinte melhor – O treinamento musical transforma as pessoas em ouvintes muito mais sensíveis, o que pode ajudar muito na idade mais avançada inclusive. O estudo musical desenvolve a “audição periférica”, ajudando por exemplo as pessoas mais velhas a isolarem vozes específicas (ou tons musicais) em meio à um fundo ruidoso. E aqui volto a falar da percepção rítmica, que possui influência direta sobre o equilíbrio na marcha, no caminhar da pessoa, especialmente nas mais idosas.

Adultos que passaram pelo treinamento musical, com dedicação e disciplina, costumam afirmar que o estudo musical os fez ouvir melhor, porquanto envolve a atenção, a concentração, a persistência e o foco. E acrescentam que o sucesso de suas carreiras deve-se ao fato de seus pais terem proporcionado a eles este treinamento.

3 – Aumenta sua autoconfiança e auto-estima – Alguns estudos mostram claramente como isto é possível. Inclusive demostrando que aqueles alunos que treinavam constantemente, pontuavam significativamente mais alto nos testes de auto-estima do que aqueles que não tinham aulas de instrumento.

Alunos e ex-alunos relatam que o fato de concentrarem-se e prepararem-se para as apresentações para um pequeno público, em casa, ou na escola de música, fez com que eles percebessem a capacidade de se posicionar e se expressar com desenvoltura frente aos seus professores, à parentes e amigos primeiramente, e consequentemente na presença de estranhos. E novamente ressaltam como ajudou-os em suas carreiras, obtendo posições de destaque e liderança.

Como sabemos, altos níveis de auto-estima podem ajudar as crianças a crescerem e a se desenvolverem em um grande número de áreas acadêmicas e não acadêmicas.

4 – Retarda os efeitos do envelhecimento – Algumas das pesquisas mais promissoras posicionam a música como uma forma eficaz de evitar a demência. Isto porque o treinamento musical também pode ajudar a retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Dentro da Pedagogia Dalcroze, mais especificamente, no Instituto Jaques Dalcroze (IJD), em Genebra, nos últimos anos iniciou-se um programa de aulas para senhoras idosas, aproximadamente dos 60 aos 90 anos, que foi motivo de pesquisa pelo Hospital–Escola da cidade, que documentou as maravilhas encontradas junto à estas senhorinhas que faziam aulas uma vez na semana. Este é um assunto que voltarei a escrever em outra oportunidade, com mais detalhes, uma vez que vivenciei este projeto, assistindo à estas aulas no IJD, em Genebra, Suíça.