Escola Tom Sobre Tom

Escola de música em Pinheiros e Vila Madalena

Utilizando Imagens, Sons e Cores no Ensino Musical

A aprendizagem Musical, altamente realizada, pode ser um dos mais altos valores dentro da educação. Errados estão aqueles que a encaram como recreação ou mesmo a enxergam como um estudo isolado, não sendo relacionado ao crescimento intelectual e das emoções.

O trabalho musical realizado com a criança de forma global, não pode ser apático, tem que ser ativo. Quanto mais dinamismo se coloca dentro da aula, que possa alcançar semelhanças com o universo infantil, maior é a probabilidade de envolvimento e de aprendizado.

A formação musical deverá abordar o Movimento Rítmico, o Canto, o Fazer Musical através dos instrumentos, a Criação, o Improviso, a Audição e o Treino Auditivo. Para auxiliar as diferentes etapas deste aprendizado, cores, formas, retratos, figuras, fotos que incluem paisagens, ou que incluem uma viagem que a criança fez, podem remeter ao seu universo e deverá ser usado!

As situações e os movimentos diversos do dia a dia que as crianças trazem através de uma simples brincadeira no tanque de areia por exemplo, já dá ao professor sugestões que ele pode usar em aula. Por outro lado, observar regularmente os movimentos e a rítmica de momentos da brincadeira infantil desperta uma infinidade de outras ideias.

Tomar o universo do desenho animado e/ou filmes, ambos riquíssimos, e que podemos trazer para aula como estímulos. Neste momento. por exemplo, porque não pegar uma carona no interesse gerado pelo Pokémon! Os alunos têm falado muito dos diversos personagens criados como Pokémon. Em suma, porque não pegar as figuras destes “Pokémons” e usar como estímulo em aulas baseadas em movimento, para explorar diferentes formas de locomoção e expressão facial. Cada personagem traz em sua face e postura corporal o humor, a sua personalidade, a sua emoção. Tudo isso está nas figuras e a criança pode e deve ser estimulada a criar o tempo todo, porque assim ela vai saber criar e improvisar no seu instrumento, tendo o domínio criativo nas mais diversas situações.

Desta forma, é um bom caminho criar situações que possam fazer com que as crianças entrem no universo de cada estória e seus personagens. Posso dar-lhes alguns exemplos: fazer uma floresta encantada, um jardim diferente. Nele a própria criança vai trazer para esta imagem ou para esta cena, aquilo que ela está conseguindo visualizar em sua “cabecinha”. Personagens que ela conhece, que ela admira ou que ela gostaria de vivenciar. São recursos riquíssimos de envolvimento, e eu poderia falar horas e o assunto não se esgotaria.

O que dizer então das cores, que exercem uma atração irresistível aos olhos infantis! Existe uma gama incrível de instrumentos coloridos encontrados hoje e que podemos adquirir em todo o mundo, criados especialmente para o universo infantil. Não pensem que são brinquedos, são instrumentos com boa sonoridade, adequados ao desenvolvimento musical infantil. Alguns em forma de bichinhos como realmente se faz para os bebês, e outros que vão se sofisticando e atendendo o mercado à medida que as crianças vão crescendo. Desta forma possuem projeção dentro de um estudo sério e possuem uma condição para que a criança possa segurar a baqueta, e segurar o instrumento de forma que ao visualizá-lo, possa interiorizar o timbre ou a altura do som que ele produz. Todo o estudo sério realizado na criação destes instrumentos e sua sonoridade, abraça a utilização das cores.

Desta forma, proporcionar uma aula colorida, cheia de imaginação, movimento, vivencias de: ouvir, cantar, realizar, é que vai trazer para criança esse dinamismo que falamos no início. Assim que a criança chega ali na aula, ela já está envolvida por todos esses recursos. Importante dizer que cada aula tem um planejamento muito objetivo dentro daquilo que vai ser desenvolvido ou que se pretende que seja introduzido para aquela criança ou grupo.

Vejam que todos os estágios têm uma importância singular, até mesmo chegando na adolescência e na fase adulta.

Na pré-adolescência eles já tem condições de expressar as ideias em um instrumento, então eles podem fazer a aula com improvisação: é assim que começam a ter mais domínio do instrumento.

Na improvisação é ótimo, maravilhoso, é fantástico usar as imagens. Você pode pegar uma imagem de uma bela paisagem e pedir para que aquele aluno crie ali uma música, um improviso, de acordo com aquela paisagem. Você pode pegar uma imagem de uma tempestade, e a imaginação se encarregará de fazer o resto. O resultado será totalmente diferente do estímulo usado com a paisagem mais amena.

Já para adolescentes e adultos podemos fazer análises harmônicas e melódicas: os motivos, as melodias, a complexidade dos acordes vêm à mente através da simples utilização de lápis de cor. Então as vezes me perguntam: – Você usa cores até que idade? E a resposta é:
– Pode-se usar cores para destacar motivos, um trecho musical, progressões harmônicas em qualquer idade.

Quando lemos um texto, utilizamos um marca-texto. Eu uso as vezes de cores diferentes porque eu gosto de ter esse entendimento, que me ajuda a profundar uma ideia. A mesma coisa no âmbito musical, porque não?

A minha colocação não é de relacionar os sons e as cores, é muito importante que isso fique muito bem colocado, porque o som é predominante no estudo musical, visualizar internamente imagens, sensações, emoções através do som que se ouve, faz chegar a uma sensibilidade e uma percepção sonora, muito mais importante, muito mais significativa do que simplesmente olhar uma nota musical e aperta-la ou toca-la no seu instrumento.


Por Clises Marie Carvajal Mulatti  

Professora de: Piano Popular e Clássico, Especialista em Pedagogia do Piano através do Método Suzuki, Criadora do Curso de Jogos e Brincadeiras Musicais através do Método Dalcroze, e Diretora da Tom sobre Tom – Escola de Música, com sede própria desde 1996, que completa este ano 27 anos de atividades em Pinheiros, São Paulo, Brasil.

Certificate in Piano Pedagogy with Suzuki Emphasis, Holly Names College, CA, USA. Participação em Festivais de Música em Lima, Peru e Santiago do Chile.

Estágio prático em aulas do Método Suzuki na School of Strings, New York, USA, Louise Behrend , Sheila Keats, Maria da Graça Pereira.

Cursos da Pedagogia Dalcroze, The Julliard School, New York-USA com Bob Abramson;

Participação em aulas e Congressos Institut Jaques Dalcroze, Geneve-CH;

Dalcroze Workshops Longy School of Music, Massachusetts, USA com Lisa Parker;

Dalcroze Workshops at Carnegie Mellon University, Pittsburg, Pennsylvania-USA, com Marta Sanchez.

Cursos com Iramar Rodrigues, professor do Instituto Jaques Dalcroze, Genebra, realizados em São Paulo, Brasil e em Genebra, CH.

Tradutora do livro Jogos Rítmicos para Cognição e Percepção, de Robert Abramson.